O que há de melhor no design mundial será apresentado na Semana de Design de Milão, que acontece na Itália de 7 a 13 de abril. Pela oitava vez consecutiva, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) participa do evento e leva, com o apoio da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), uma delegação de cerca de 90 marcas nacionais para expor na cidade.  Do total, 57 marcas participarão do FuoriSalone, uma das mostras paralelas da Semana de Design, com o apoio da Agência. Destas, 12 são das regiões Norte e Nordeste do Brasil.  

“Nossa missão é fomentar a competitividade da indústria e do design nacional, mostrando que aliamos tecnologia, qualidade de produção, criatividade e uma narrativa cultural singular para compartilhar com o mundo”, afirma a gerente de Indústria e Serviços da ApexBrasil, Maria Paula Velloso.  

Com curadoria de Bruno Simões, o conceito da exposição brasileira no FuoriSalone gira em torno do fenômeno natural popularmente conhecido como “chuva do caju” (Cashew rain), que se refere à escassa precipitação durante a estação seca em diferentes regiões do Brasil, que precede a floração dos cajueiros e simboliza uma boa colheita por vir. A ideia é mostrar a transformação e a imprevisibilidade diante dos desequilíbrios climáticos e, a partir disso, apresentar o design como ferramenta de transformação.   

“São muitas peças em madeira certificada brasileira e muitos estofados com tecidos interessantes, como couro vegetal de abacaxi, o couro de pirarucu. Também tem peça com borracha amazônica. Outro material diferente é um revestimento de cerâmica que aproveita sobras de jeans da indústria da moda”, comenta o arquiteto, designer e curador da mostra brasileira no FuoriSalone, Bruno Simões. 

Um pouco da Amazônia em Milão    

Luís Guedes, um dos designers de Belém, no Pará, que compõem a delegação, participa pela segunda vez do FuoriSalone. Em suas obras, ele combina a paixão pela arquitetura e design com uma profunda conexão com a cultura e as tradições da Amazônia.  

Para esta edição, a madeira foi o material escolhido para a peça que Guedes vai apresentar na Itália.  “Vamos mostrar um ‘banco denominado Guêra’, que homenageia as seringueiras e todo o processo da extração, e tem toda uma importância aqui para a nossa região”, explica o designer. A peça foi produzida com madeira certificada e látex natural.   

Segundo ele, estar neste evento é um divisor de águas. “Milão é um marco na vida de todos os designers e uma grande validação. E para a gente, que é do Pará, um lugar tão longe, participar deste evento carrega uma responsabilidade muito que é a de representar tantos outros arquitetos, designers e talentos criativos da nossa região que, por falta de acesso, por muitos anos acabaram não conseguindo chegar a esses lugares de destaque”, ressalta.  

Guedes reforça que, além de representar a região e a cultura amazônica, seu trabalho tem uma dimensão social, que transcende o design e a arquitetura. “Nosso trabalho impacta localmente de duas formas preponderantemente: gera renda e visibilidade para comunidades tradicionais que fazem parte de nossos projetos e pelo fomento das indústrias locais que manufaturam nossas peças. Gostamos de nos ver como pontes de conexões criativas para potencializar a força cultural de nossa região”, afirma. 

Cultura nordestina na Itália 

Expor na Semana de Design de Milão é um sonho de muitos arquitetos e designers do mundo inteiro. O jovem designer de Fortaleza, no Ceará, Erico Gondim, conseguiu realizar este sonho pela primeira vez em 2019, e agora participará pela quinta vez. Ele conta que mistura materiais para criar produtos de design autoral como mobiliário, luminárias e peças de ambientação com referências à interatividade e ao artesanato brasileiro.  “Procuro trazer narrativas e referências da cultura cearense e nordestina favorecendo a valorização dessas linguagens em diversas aplicações do design seja por meio de tecnologias ancestrais seja pelas tecnologias contemporâneas”, explica.  

Para Milão, neste ano, Erico vai apresentar a ‘mesa lateral Icapuí’, feita a partir de plástico reciclado com duas tecnologias diferentes: placa e impressão 3 D de média/grande escala. “O trabalho da ApexBrasil é fundamental, pois permite que possamos expor e realizar networking internacional, elevando o alcance do nosso trabalho”, destaca.  

Erico celebra o grande momento de notoriedade e validação do Brasil pelo mercado do design nacional e internacional e, consequentemente, o fortalecimento da brasilidade no mundo: “Hoje, as regiões Norte e Nordeste estão em foco. Temos muita cultura e essências de Brasil preservadas e ainda em valorização, como folclore, artesanato e cultura popular entre outras iconografias, que são verdadeiros tesouros. É o design pensado sobre o aspecto cultural conectando objetos a pessoas e com poder de transformar a forma como enxergamos os produtos”, reforça. 

Confira aqui o catálogo da delegação brasileira que participa do Fuorisalone 2025.  

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