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O legado deixado pelo pernambucano Francisco Brennand, por Regina Galvão

Além de ceramista, Francisco Brennand também foi pintor, ilustrador, gravador e desenhista

A tradição cerâmica no Brasil remonta aos povos originários, que modelavam o barro para criar objetos utilitários: jarros, panelas e potes para armazenar água e comida. Como revestimento, o material passou a ser muito usado no período da colonização, com peças de tamanhos variados, sendo trazidas de Portugal. Na arte, os painéis cerâmicos pintados decoravam igrejas, palacetes e casas. Ao longo da história, cada vez mais artistas foram se dedicando a modelagem da argila, criando, ora esculturas, ora objetos decorativos, de diferentes formatos e estilos. O maior expoente dessa área foi, sem dúvida, o escultor pernambucano Francisco Brennand (1927-2019), que era também pintor, ilustrador, gravador e desenhista.

O primeiro contato de Brennand com a cerâmica se deu na Cerâmica São João da Várzea, em Recife, fundada por seu pai, em 1917. Anos depois, em 1971, a fábrica de telhas e tijolos, desativada desde a década de 1940, virou seu espaço de pesquisa e prática artística.

Batizado de Oficina Francisco Brennand, o lugar reúne até hoje instalações fabris, fornos cerâmicos e centenas de obras do premiado artista, em seu majestoso conjunto arquitetônico de grande interesse cultural, tendo sido transformado em museu, em 2019, ano de sua morte.

Além das obras autorais criadas no ateliê, o pernambucano fazia questão de passar seu conhecimento a oleiros e decoradores, dedicados a fabricar ladrilhos cerâmicos e utilitários. São esses experientes artesãos, que desde a morte do mestre, aos 92 anos, mantêm ativa a Cerâmica Brennand, produzindo peças com base nas técnicas e na iconografia do artista. Uma pequena mostra do que vem sendo feito ali foi apresentada, no final de agosto, na feira Rotas Brasileiras, organizada pela SP-Arte, na capital paulista. Vasos, garrafas, fruteiras, pratos, xícaras e travessas, além de esculturas de edições limitadas, formam o importante portfólio

deixado pelo pernambucano. Seu legado se perpetua pelas mãos de sua equipe, que não só enaltece a obra do mestre, como também propicia renda para a instituição, visitada o ano todo por brasileiros e estrangeiros, na cidade de Recife. Certamente um lugar no Brasil que merece ser visitado.

Regine Galvão é jornalista especializada em arquitetura e design há mais de 20 anos, tendo trabalhado nas revistas Casa Claudia e Casa Vogue, como editora e coordenadora de prêmios dessas publicações. Foi curadora da Semana de Design de São Paulo, o DW!, por duas temporadas e realizou várias exposições, dentre elas, “Novos Tempos”, na Casa Brasil Eliane, em 2021. Hoje, dirige a própria agência, Forma Brasil, onde presta consultoria, faz palestras sobre design e arte popular e coordena publicações editoriais, além de apresentar os podcasts Casa Frente e Verso, criado com a jornalista Simone Quintas, e o Perkins&Wills São Paulo, iniciado em 2023.

 Fonte: Comunicação Mohawk Brasil

 

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